Introdução
à Fotografia, do saber contextual ao prático
Aqui esta exposta toda a
minha experiência com os primeiros recursos que eram utilizados para se
produzir uma fotografia. Utilizo-me deste meio de comunicação com o intuito de
compartilhar com a comunidade não universitária todo o aprendizado adquirido no
percurso da disciplina de Introdução a Fotografia, lecionado pela Dr. Tereza
Lenzi na Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Hoje, com a expansão do celular, o ato de
fotografar esta ao alcance de qual quer mãos, não há mais barreiras, nem de
fronteiras, nem de idade e nem de classes. Embora hoje a fotografia possa ser
algo acessível aos indivíduos, a sua história mostra que o seu começo foi
bastante precário. A principio a invenção da fotografia com as definições que
damos atualmente, teve abertura com base em muito estudo multidisciplinar. O
mundo das representações pictóricas se chocou quando descobriu que era possível
congelar o segundo com recursos que não eram as mãos talentosas dos artistas. O
que um pintor demorava horas para memorizar um acontecimento histórico as
primeiras câmeras fotográficas faziam isso em questão de minutos. Eis aí também
o mundo industrial surgindo e mudando a percepção da sociedade e é nesse
contexto que o artista começa a questionar a sua função. Assim sendo, com base em filósofos,
antropólogos, historiadores que nos, turma do segundo ano de artes visuais
adentramos no mundo da fotografia. O próximo passo foi executarmos o ato da
fotografia a partir das tecnologias das primeiras câmeras.

Pinhole
feito em dia nublado.
Por
Claudia Bistrichi, Robsom Gonçalvez
e
a orientadora Teresa Lenzi
As seguir esta
relatado a experiência prática:
FOTOGRAMA
A proposta dessa
atividade foi realizar um fotograma com base no texto ‘Sobre Fotogramas’ escrito pela professora Teresa Lenzi. De um modo
geral, o fotograma consiste em capturar a imagem de um objeto sem a utilização
de uma câmera. O texto a seguir contextualiza o desenvolvimento das atividades
práticas, fazendo um elo com a teoria: O papel fotográfico por causa dos sais
de prata é sensível a luz, assim sendo quando este é exposto a luz queima, isso
quer dizer que quando ele for colocado no revelador ele vai apresentar uma
imagem toda preta. Pois veja bem, se a luz queimou todos os sais de prata ela
não adquiriu nem uma forma. No entanto quando coloca um objeto por cima do
papel fotográfico, a luz emitida sobre este queimará apenas os sais de prata
exposto e não os que estarão cobertos pelo objeto a menos que este papel fique
muito tempo exposto à luz, neste momento é pertinente lembrar que a única luz
que não queima o papel é a vermelha, também quando este papel não é queimado
com a luz do sol ele pode ser queimado com a luz de um ampliador (equivalente a
luz de uma lâmpada). Após a queima dos sais de prata o papel fotográfico é
colocado no revelador, o resultado que se obtém aqui é o contorno do objeto,
quando se trabalho com objetos transparentes e translúcidos é possível ver as
diferentes tonalidades de preto, porque esses objetos translúcidos deixam
passar parcialmente a luz então ela não queima totalmente o papel, mas apenas
parcialmente e é por isso que a imagem vai adquirir vários tons de preto.

Fotograma,
30 segundo de exposição no ampliador.
À
esquerda a forma do objeto, à direita o contorno do objeto.
O
revelador é um químico que esta contido numa bacia de água, a função do
revelador vai concluir as transformações dos sais de prata ( aqueles que foram
queimados) esta prata queimada surgirá na cor negra que será o contorno do
objeto. Após obtido êxito no revelador, o próximo passo é retirar o papel desta
bacia e colocá-lo na bandeja do interruptor, nesta bandeja o papel fica na
duração de 5 minutos, este químico tem a função, de neutralizar a ação do
revelador e preparar o papel para o fixador. Quando colocado no fixador este
vai atuar sobre a parte não queimada do papel, que terá a função de dissolver
os sais de prata não exposto à luz, desta forma quando este papel receber luz
novamente ele não queimará pela segunda vez. E é justamente por isso que o
fotograma tem o potencial de causar movimento nas imagens, pois o individuo que
estiver manuseando o papel fotográfico no ampliador tem a oportunidade de
queimar o papel em varias seqüências, isto é, a cada emissão de luz é possível
deslocar o objeto, assim sendo, os sais de prata estarão sempre reagindo a luz
enquanto não forem dissolvidos seja pela luz ou seja pelo Tissulfato de Sódio.
Por isso é tão importante deixar o papel com duração de dez minutos no fixador
pois se restar algum sal de prata na imagem ao longo do tempo este vai se
degradar e manchar fotografia. Por quase termino se coloca o papel fotográfico
na água corrente durante 30 minutos, pois esta tem a função de remover os
químicos do fixador.

Fotograma,
30 segundo de exposição no ampliador.
À
esquerda o contorno do objeto, à direita a forma do objeto.
Por fim se retira o papel da água corrente e se coloca
para secar numa varanda em temperatura ambiente. Todo esse processo resultará,
como já citado, até nos contornos do objeto exposto no papel, para obter a
forma do objeto é preciso repetir toda essa seqüência utilizando a primeira
impressão. Ou seja, é necessário pegar este papel fotográfico seco e colocá-lo
sobre um papel sensível a luz e expor ambos no ampliador, esta primeira impressão
ficara entre a luz e o papel sensível, por que assim quando a luz é emitida ela
vai ser barrada pela parte preta do papel( os sais de prata queimados ) e
passará pela parte branca do negativo queimando o papel sensível, note que essa
parte que a luz ultrapassou vai fazer é a forma do objeto. Os próximos passos
se repetem os mesmo que o procedimento anterior ( colocar este papel no
revelador, interruptor, fixador e secagem). E esta pronta a captura da forma do
objeto. O interessante no fotograma como uma ferramenta única é potencial que
ele nos propõe de testarmos diferentes tons de coloração, pois cada objeto translúcido
filtra a luz de maneira diferente.
CLICHÉ
VERRE
Ancorados numa teoria
referente a imagem em vidro, a proposta da aula do dia 24 de Junho foi fazer um Cliché Verre. Este é um viés da
fotografia que possibilita a presença do desenho na captura de imagens pela
luz. Essa técnica se realiza a partir do desenho em vidro e pode ser feita
através de duas maneiras, pelo ato de acrescentar ou pelo ato de retirar. Isto
é, pode-se pintar o vidro com uma tinta, de preferência Guache, neste caso a
ação é de acrescentar algo ao vidro. Mas também pode-se tingir o vidro com a
fuligem da vela, e posteriormente ir retirando a sua fuligem a fim de obter
alguma figura ou forma. Feito isso, o vidro estará pronto para entrar em
contato com o papel fotográfico. Com os dois unidos se é colocado no ampliador,
o vidro ficará entre a luz e o papel, assim sendo a luz que é emitida
atravessará a parte transparente do vidro. Por isso que é interessante testar
as duas possibilidades a de acréscimo e a de retiração, pois quando é
acrescentado algo ao vidro a luz que atravessa aquele espaço não é a do
desenho, então a marca que terá no papel fotográfico será apenas a do contorno
do desenho, por outro lado quando é retirada a fuligem do vidro a luz que o atravessa
marcará no papel a forma do desenho, pois a luz em qual quer situação que seja
ele sempre ultrapassará apenas a parte transparente do vidro.

Cliché
Verre feito por extração.
Acima
primeira impressão ( do vidro para o papel fotográfico)
Abaixo
a segunda impressão ( do fotograma para o papel sensível)
A câmera em lata nada mais é
do que uma pequena câmera escura. Assim
sendo para saber como funciona um pinhole antes precisamos retornamos as
origens da fotografia. A câmera escura já era utilizada na Grécia antiga e na
idade média para estudar os astros, mas é na renascia que ela adquire mais
notabilidade. Este mecanismo de captar a imagem consiste em ser um espaço
fechado, todo preto, que pode ir de caixa de fósforos a dimensão de um
container. A câmera escura deve obter um pequeno orifício, a fim de captar a
luz, isto é, a luz que bate no objeto é projeta inversamente na diagonal da
câmera. Isso acontece por que a luz anda em linha reta, então a luz da
extremidade superior irá se projetar na extremidade inferior da câmera escura. Perceba
que existem três elementos em questão o objeto o orifício e o interior escuro
da câmera, independente do ponto onde estiver a luz, ela sempre entrará por
esse orifício através de uma linha retilínea, e esse raciocínio explica por que
a imagem se projeta inversamente dentro da câmera escura.

Pinhole,
21 segundos de exposição.
Lata
formato expandido.
Média profundidade de campo, foco suave.
Após compreendido
essa questão, fica mais fácil de entender o pinhole, que é na verdade uma
câmera escura pequena. No século XVIII começa-se a desenvolver pesquisas para
captar imagens de uma maneira duradoura, e é com base nesses estudos que surge
às primeiras impressões fotográficas. Hoje nos temos o recurso de usar o papel
fotossensível, mas os primeiros testes para captar imagens eram feitos com
vidros cobertos de sais de prata misturados com gema de ovo, o qual eram
usado para espalhar os haletos de prata
sobre o vidro e este também servia como uma base transparente que não
interferia na captação da luz. O cristais de prata são sensíveis a luz, isso
quer dizer que elas são moléculas que tem capacidade de se modificarem quando
expostos a luz. E esse fenômeno é notado através da coloração preta que fica
sobre o papel. Quanto mais luz o papel pega mais sais de prata se transformam,
cada ponto de luz marca o papel conforme a sua intensidade e é assim que surge
a imagem. E essa contextualização que hoje é comum para nos, exigiu muita
investigação de cientistas e artista de outrora. Diante disso, estendesse - se
que a invenção do pinhole aconteceu em decorrência da união da câmera escura
com o material fotossensível.
REFLEXÕES
E LEMBRANÇAS – CONVÍVIO COM OS COLEGAS.
Percebi que durante todas as
atividades a turma se empenhou para desenvolver os trabalhos de uma maneira bem
criativa. Um dos que mais admirei foi do meu colega Robsom Gonçalvez, o qual se
inspirou no Pollock para criar o seu Cliche Verre. Não sei dizer ao certo, se sua
intencionalidade era de fazer uma releitura, testar os respingos de tinta sobre
o vidro para ver o resultado de suas texturas ou se era de vivenciar, de sentir
o expressionismo abstrato a partir da técnica do Cliche Verre, no entanto
independente de sua busca, e dos demais colegas, eu enxerguei no respaldo de cada um o tempo, explico, a
maneira como nos manuseamos as primeiras
tecnologias de capturar imagens com os sentimentos mais contemporâneos. É um
dialogo de dois tempos diferentes, existindo ao mesmo tempo.
(simulação de um pinhole mal manipulável )
Pinhole,
21 segundos de exposição.
Furo
largo, 4 mim. Desfocado.
Um acontecimento espontâneo e
único que vale ser lembrado é que a primeira vez que entramos no laboratório de
fotografia, o português falado foi traduzido para libras em meio à escuridão
parcial. Isso por que, Cintia Pereira,
uma colega, que conhece os mais singulares segredos do silencio, tem um desempenho
que merece qual quer façanha. Durante as atividades surgiram vários planos para
além da cadeira de introdução a fotografia, claro, cada planejamento futuro estava
de acordo com as particularidades de cada colega, pois afinal existe um grande
campo para a fotografia. Um que me atravessou foi o de criar histórias em quadrinhos a partir do clichê
verre, é como se fazer uma prática artística dialogar com outras. Esta foi uma idéia
de projeto que foi criada e equipe, e esta a ser pensada. Em fim na trajetória desse
primeiro semestre houveram passos infalsos como brigas, erros, atrasos,
esquecimento de material, entretanto, toda essas peculiaridades de nosso
comportamento foram discutidas, advertidas e refletidas em coletivo e
individualmente. Pois, tudo que estamos aprendendo dentro da universidade tem o
ideal de retornar para comunidade, e a universidade é sustentada pelos impostos
de muitas mãos exploradas, então esse retorno, no mínimo deve ser um retorno
digno, por que essas mãos merecem nosso melhor potencial.
Nota: A linguagem
utilizada para a exemplificação das atividades foi a mais sucinta possível,
pois explicar as práticas de fotografia atrelada a sua teoria abrange uma
explicação muito mais contextualizada do que aqui apresentada. Foi de iniciativa própria atribuir um texto
pedagógico como descrição de cada fotografia apresentada.
Por: Claudia Rekowsky Bistrichi
Estudante de Artes Visuais na Universidade Federal do Rio Grande do Sul